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sábado, 30 de maio de 2009

Sobre direção e educação


Em minhas últimas aulas de direção, comentando com meu instrutor sobre a inobservância das regras de trânsito por parte da maioria dos motoristas, ele fez uma observação que me chamou muita atenção. Disse que o trânsito somente iria melhorar daqui há trinta anos, explicando que, até essa data, todos os motoristas habilitados, que estiverem transitando no Brasil, terão passado pelos atuais cursos preparatórios que privilegiam a direção defensiva. Talvez alguns achem essa idéia otimista demais, ou defendam de que a culpa dos acidentes de trânsito não pode ser atribuída apenas aos motoristas mais antigos, afinal as próprias seguradoras aumentam o custo dos contratos quando são informadas de que o carro será dirigido por menores de vinte e cinco anos. Mas o instrutor não deixa de ter uma certa razão. Ao divulgar, treinar e exigir dos alunos a prática da direção defensiva, os cursos de formação de condutores estão criando uma nova prática no trânsito, onde são formados hábitos diferenciados onde a cautela é fundamental . Os dados estatísticos oficiais demonstram que 90% dos acidentes são causados por falha humana, 4% por falhas mecânicas e 6% por más condições da pista. Se essas informações são verdadeiras , realmente, é preciso alterar o comportamento humano, incorporando às técnicas da direção defensiva na rotina do trânsito, de forma a automatizar os procedimentos e atitudes corretas. Neste sentido, para o motorista “antigo”, ou seja, para aquele que aprendeu a dirigir quase que sozinho, com a própria prática, a tarefa se torna bem mais complexa, pois ele ainda necessita abandonar vícios e hábitos absolutamente incorporados na sua vida como condutor. Quando temos a atenção despertada para as técnicas da direção ou pilotagem defensiva, conseguimos visualizar a enormidade de erros que são constantemente cometidos no trânsito da cidade, como a velocidade excessiva, a inobservância da sinalização das ruas, o descuido com a sinalização do carro, a não observância do necessário cuidado em condições adversas, entre outros. Conforme o manual do Curso para Habilitação de Condutores de Veículos, o motorista defensivo altera conscientemente o encadeamento dos fatores que resultariam em um acidente. Ele sabe que basta interferir, de forma positiva, em um ou mais destes fatores, para que o acidente não aconteça. Ora, se a solução para o trânsito é essa, alteração da conduta humana, realmente meu instrutor tem razão, o grande remédio e esperança é a educação. Só com educação é possível transformar e melhorar a realidade. Assim, vamos ser otimistas e acreditar realmente que, em trinta anos, os alarmantes índices de acidentes de trânsito venham a diminuir. Depende de nós...

domingo, 24 de maio de 2009

Aniversário de Santa Maria- Festival de Balonismo

Posted by Picasa

A moça na janela


Senti que estava sendo observada quando caminhava pela Rua Dr Bozano. Instintivamente olhei para o alto e a vi. No primeiro instante, com o reflexo do sol, achei que fosse real e, somente depois, percebi que se tratava de uma escultura representando uma moça debruçada sobre a janela, no alto do prédio da tradicional loja de calçados. Fiquei encantada com a novidade. Mesmo passando quase que diariamente por ali, nunca a havia notado, apesar da data gravada apontar o ano de 2008. Maravilhosa idéia, pois a estátua contempla o povo, e não o inverso. Ela é descoberta aos poucos, de forma individual e surpreende a todos. Neste mês de maio, o povo santamariense também teve outra grata surpresa: os balões que coloriram o céu no festival promovido para comemorar o aniversário da cidade. E que céu... Como na música do Chico Buarque, todos pararam para ver o balão (e não a banda) passar. Primeiro, foi numa sexta-feira de manhã onde, inesperada e lentamente, foram surgindo no céu. Perdi este primeiro ato do espetáculo, absorvida toda a manhã pela rotina do trabalho. Não se falou de outra coisa durante todo o dia. Já no sábado à tarde, alertada pelos gritos das crianças na rua, fui até a janela e lá estavam: primeiro um, na cor branca e amarela, depois outro mais colorido, e outro, e mais outro...até se avistarem nove balões. Corremos para a rua e maravilhados, descobrimos que eles estavam descendo tão próximos, pousando no campo junto aos trilhos do trem. Nunca vi juntar tanto público de maneira tão rápida. Carros chegando, crianças e adultos correndo, todos entrando sem a menor cerimônia na propriedade, hoje particular, da empresa ferroviária. Os funcionários ficaram alarmados e corriam por todos os lados pedindo para os carros saírem, pois nada havia sido planejado. Foram apenas três balões que ali pousaram, os demais continuaram suas viagens aéreas, mas a cena dos modernos e colorido balões pousados junto aos antigos e escuros trens, ligando o presente ao passado, foi uma visão emocionante. Os olhos marejados de lágrimas das pessoas que ali estavam, muitos deles talvez lembrando de suas infâncias naquele local, com brincadeiras junto aos antigos vagões, misturados com os gritos e risadas das crianças de hoje, demonstraram que a felicidade está nos momentos de alegres surpresas, e a nossa infância está apenas adormecida dentro de nós. A moça da janela, com certeza sorriria, se pudesse ter visto aquela cena. Uma pena que ela apenas contempla a correria diária do centro da cidade, do alto do prédio da loja de calçados...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Proposta de emenda à constituição- PEC do Divórcio


A imprensa noticiou fartamente a aprovação em primeiro turno da proposta da PEC do Divórcio, na Câmara dos Deputados. É importante conhecer o texto da proposta que ainda precisa ser votada em segundo turno na Câmara e em dois turnos no Senado. Ela altera a redação constitucional que determina o sistema dual sepação-divórcio. Assim, após a sua aprovação, será necessário que uma lei ordinária, modificando o Código Civil Brasileiro, regulamente a nova situação. Entre as dúvidas que passam a surgir é se vai permanecer o requisito temporal de um ano de casamento para um divórcio consensual, e quais os fundamentos jurídicos para embasar um divórcio sem consenso (litigioso). Estamos aguardando nossos parlamentares...


Leia o texto da proposta de emenda.
PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 33, DE 2007
( Do Dep. Sérgio Barradas Carneiro)
Altera o § 6º do art. 226 da Constituição Federal, para supressão do instituto da separação judicial.

As mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos da art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Art. 1º O § 6º do art. 226 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 226 ...............................................................................
............................................................................................
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio consensual ou litigioso, na forma da lei." (NR)
............................................................................................
Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICATIVA
A presente Proposta de Emenda Constitucional é uma antiga reivindicação não só da sociedade brasileira, assim como o Instituto Brasileiro de Direito de Família, entidade que congrega magistrados, advogados, promotores de justiça, psicólogos, psicanalistas, sociólogos e outros profissionais que atuam no âmbito das relações de família e na resolução de seus conflitos, e também defendida pelo Nobre Deputado Federal Antonio Carlos Biscaia ( Rio de Janeiro).Não mais se justifica a sobrevivência da separação judicial, em que se converteu o antigo desquite. Criou-se, desde 1977, com o advento da legislação do divórcio, uma duplicidade artificial entre dissolução da sociedade conjugal e dissolução do casamento, como solução de compromisso entre divorcistas e antidivorcistas, o que não mais se sustenta.Impõe-se a unificação no divórcio de todas as hipóteses de separação dos cônjuges, sejam litigiosos ou consensuais. A Submissão a dois processos judiciais (separação judicial e divórcio por conversão) resulta em acréscimos de despesas para o casal, além de prolongar sofrimentos evitáveis.Por outro lado, essa providência salutar, de acordo com valores da sociedade brasileira atual, evitará que a intimidade e a vida privada dos cônjuges e de suas famílias sejam revelados e trazidos ao espaço público dos tribunais, como todo o caudal de constrangimentos que provocam, contribuindo para o agravamento de suas crises e dificultando o entendimento necessário para a melhor solução dos problemas decorrentes da separação.Levantamentos feitos das separações judiciais demonstram que a grande maioria dos processos são iniciados ou concluídos amigavelmente, sendo insignificantes os que resultaram em julgamentos de causas culposas imputáveis ao cônjuge vencido. Por outro lado, a preferência dos casais é nitidamente para o divórcio que apenas prevê a causa objetiva da separação de fato, sem imiscuir-se nos dramas íntimos; Afinal, qual o interesse público relevante em se investigar a causa do desaparecimento do afeto ou do desamor? O que importa é que a lei regule os efeitos jurídicos da separação, quando o casal não se entender amigavelmente, máxime em relação à guarda dos filhos, aos alimentos e ao patrimônio familiar. Para tal, não é necessário que haja dois processos judiciais, bastando o divórcio amigável ou judicial.
Sala das Sessões, 10 de abril de 2007.
Deputado SÉRGIO BARRADAS CARNEIROPT/BA

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sobre direção e avaliação


Essas palavras são para os meus alunos que acabaram de passar por um processo de avaliação realizando as provas bimestrais. Sei que esse período é de ansiedade e de stress. Não tem como ser diferente, afinal é o momento em que nós, professores e alunos,temos um retorno sobre o resultado de um período de atividades constantes. Quero que vocês entendam que nós, professores, não somos indiferentes a esse resultado. Pelo contrário, ele também retrata nosso trabalho, ou seja, ele também nos avalia e, como em vocês, nos provoca sentimentos de alegria ou frustração. O que quero relatar é a experiência que tive recentemente de ser avaliada como aluna, depois de tanto anos estar somente no papel de avaliadora. Esse episódio me fez refletir e desejar dividir com vocês minhas conclusões. Fui avaliada como motorista. Parece engraçado, mas já nesse meu meio século de vida, necessitei buscar minha habilitação por imposição de minhas atividades. Fui reprovada por três vezes. Na primeira vez, apesar de meu instrutor garantir que eu estava pronta, fui traída pelo nervosismo. Após conseguir estacionar nas famosas balizas, ao tentar movimentar o carro, acabei por derrubar a baliza traseira, pois não me dei conta de que não havia soltado o freio de mão. Foi um vexame... Fui sumariamente reprovada. Muito frustrada e envergonhada, quinze dias depois (após novamente pagar aulas extras, locação de carro e mais uma taxa pelo exame), lá estava eu, entre os jovens, para mais uma tentativa. Novamente reprovei. Consegui fazer as manobras no estacionamento e toda orgulhosa comecei a transitar com o avaliador. Em determinada esquina, ao tentar entrar numa avenida, tive que parar no meio da pista, aguardando o trânsito do outro lado. Posicionei mal o carro e acabei atrapalhando o trânsito. O instrutor me levou a praticar uma manobra semelhante, e novamente não soube resolver àquela situação concreta. Fui reprovada mais uma vez. Porém aceitei o resultado, reconhecendo sinceramente que eu não sabia posicionar o carro de forma correta, ou seja, não aprendi essa importante lição. Marquei novas aulas e treinei muitas vezes essas manobras. Paguei todas as taxas e...mais uma prova. Dessa vez consegui dirigir e me portar adequadamente no trânsito, apesar do tempo chuvoso e de movimento intenso. Estava muito confiante e senhora de mim, certa de meu sucesso. Ao retornar, numa rua de mão dupla, o avaliador pediu para eu fazer virar à esquerda e entrar numa preferencial. Com pressa para voltar, observei que não vinha nenhum veículo, e muito lentamente avancei, sem colocar a primeira marcha. O avaliador chegou a comentar meu erro, mas achei que essa falha não tinha tanta importância. Grande engano...Fui novamente reprovada e, desta vez, fiquei inconformada. Nessa terceira tentativa o que me prejudicou foi o critério da avaliação: parar na preferencial significa reter completamente o carro com o freio, colocar a primeira marcha e só então sair. Não importa se vem ou não algum carro. Critério objetivo e irrecorrível, o erro é considerado grave e reprova sumariamente. Foram três tentativas, todas elas inexitosas por diferentes motivos: na primeira, despreparo emocional ou falta de amadurecimento; na segunda, despreparo técnico,ou seja, imperícia; na terceira vez, rigorismo no critério da avaliação. Vamos refletir transpondo essa experiência para a questão pedagógica no ensino formal. Qual o nosso papel, avaliadores e avaliados, para obtermos êxito e progressão no curso? Entendo que fundamentalmente é preciso saber o que se objetiva no curso. Isto é, considerar quais são as habilidades e competências necessárias para o profissional que se objetiva formar. O papel pedagógico deve buscar essa direção e, na avaliação formal, vamos tentar visualizar o resultado do trabalho desenvolvido. Assim, como na minha primeira reprovação, é preciso superar o estado “anormal”, ou seja, é preciso encarar a avaliação como um momento a mais dentro do processo, apenas mais uma etapa. Assim, nada se justifica o “pavor” e a “ansiedade” no momento das provas. Logicamente isto altera nossa capacidade e acabamos por fazer verdadeiras “bobagens”, que em momento normal de aula não faríamos. Por outro lado, devemos estar efetivamente capacitados, preparados para esse momento. Assim, se não estudamos, não nos concentramos, não acompanhamos as aulas, não temos como obter êxito. Isto também exige humildade. Ninguém sabe tudo, mas o que sabemos é produto de nosso esforço e dedicação. Assim, a minha segunda reprovação me ensinou isso. Eu “achava” que estava preparada, mas bastou uma situação diferente daquelas que eu havia vivenciado e não soube como agir. Isto é, o posicionamento do veículo na rua é um dos conteúdos “estudados” teoricamente, mas não soube aplicá-lo. Não tinha como ser aprovada. Já a terceira situação é a mais complexa, pois envolve basicamente a escolha de critérios para a avaliação. Aqui entra especialmente o papel do professor e da instituição. O critério adotado é rigoroso demais ou está sendo excessivamente brando? Só a experiência poderá nos mostrar a adequação das regras avaliativas. A minha terceira reprovação foi a mais difícil de aceitar, pois me senti injustiçada, mas sei que o avaliador foi honesto. Ele cumpriu as determinações do sistema. Esses critérios têm sido questionados pelos próprios instrutores das auto-escolas. Aqui a avaliação formal leva uma grande vantagem. Nossos critérios de avaliação não são tão objetivos assim. Conseguimos dosar nossas avaliações de acordo com o que desenvolvemos e enfatizamos em sala de aula. Porém, especialmente, a maior vantagem, é que nós os professores, orientadores e parceiros no processo de aprendizagem, é quem avaliamos nossos alunos. Delimitados por algumas regras objetivas, mas dispondo de maior liberdade na escolha dos instrumentos e regras do sistema avaliativo, pois fazemos parte desse processo e assumimos a responsabilidade que nos é dada no processo de formação de pessoas efetivamente capacitadas para a vida profissional que escolheram. O que nos preocupa é que vocês, que se preparam dentro da academia para a vida real, muito brevemente estarão enfrentando a avaliação competitiva e rigorosa, com os critérios totalmente objetivos e irrecorríveis, delimitado por regras pré-definidas com valores duvidosos. Nesses processos avaliativos nós, professores, não mais estaremos presentes, nosso papel no auxílio a esse enfrentamento se encerra quando lançamos a nota de vocês e os julgamos aprovados na disciplina, por isso, nosso nível de exigência no decorrer do curso deve ser valorizado e, inclusive cobrado por vocês. Vamos aproveitar esse tempo presente, ele é a preparação para o futuro.

domingo, 3 de maio de 2009

Mãe é mãe




Mães são sempre lembradas nesta época. Afinal, foi institucionalizado seu dia no segundo domingo de maio. Nada contra esse fato, pelo menos nessa época, ela é valorizada e lembrada através de cenas carinhosas, de mães “fofas” com filhos “fofos”. Porém os noticiários têm falado de outros tipos de mães. Mães que sofrem diariamente e que, por força das circunstâncias mais cruéis, têm visto suas vidas virarem pesadelos. São as mães que assistem o domínio da violência sobre seus filhos. Violência das drogas, dos crimes, das doenças, do trânsito, da discriminação, da pedofilia, do mundo... Mães de presidiários, mães presidiárias, mães de fugitivos, mães de perdidos, mães de loucos, mães de doentes mentais, mães de deficientes, mães de discriminados, mães de alienados, mães de criminosos, mães de abandonados, mães de violentados, mães de revoltados e até mães vítimas-assassinas, porém... mães sempre presentes. Se o Brasil apresenta índices de um terço de crianças sem paternidade reconhecida, o índice de desconhecimento de maternidade é ínfimo, afinal, já diziam os romanos: “mãe é sempre certa”. Essas mulheres que frequentam filas de visitas de presídios, de abrigos, de hospitais, de empregos, de entidades assistenciais, de serviços judiciários, que esquecem de si mesmas e passam a viver a vida de seus filhos, é que devem ser homenageadas e lembradas. São suas atitudes, sentimentos e dedicação que lhes asseguram o título de mães. Mesmo aquelas que, em ato supremo de desespero, escolhem o caminho da morte para os seus filhos, merecem nossa atenção e respeito. Com certeza nenhum ser ama mais profundamente outro ser humano do que uma mãe ama seu filho, ainda que seja um louco amor e que supere os limites da sanidade, pois é o mais profundo sentimento humano que se pode nutrir, por isso pode gerar profundas alegrias e intensos sofrimentos. Acho que nenhum homem poderá dizer que sentiu uma emoção no mesmo nível. Talvez sejam os movimentos do pequeno ser em formação, as trocas de fluidos vitais dentro do corpo, as dores do parto, o sugar no seio, as noites mal dormidas, o acompanhar do crescimento, ou, até mesmo, um pouco da energia divina que tenha sido derramada em excesso sobre a mulher no momento da criação humana. É difícil descrever esse papel que foi atribuído ao sexo feminino. Acho que o dito popular é o que melhor define quando simplesmente explica que "mãe é mãe".