O jeito sério e carrancudo, a voz trêmula e os passinhos curtos, os cabelos brancos e ralos, a dificuldade para ouvir e as lembranças que fogem. Assim é a velhice. Ela não é tão bela como querem os anúncios comerciais que divulgam o dia dos avós, mas ela deve ser encarada de forma natural e respeitosa. Ela é a manifestação do tempo na nossa vida. O que ocorre na atualidade, é que esta manifestação tem sido mais tardia nos tempos atuais. Os noticiários divulgam que nas três últimas décadas, a expectativa de vida aumentou mais do que em qualquer outro momento na história na maioria dos países. No Brasil, ela pulou de 62 anos, em 1980, para 73 anos, hoje. As pessoas na idade madura, ainda gozam de boa saúde, e têm hábitos de vida que fogem do padrão estabelecido para a idade cronológica, segundo os critérios de alguns anos atrás. Os americanos, segundo divulga a revista Veja de 15 de julho de 2009, chamam esse fenômeno de ageless, ou seja, “sem idade”. Os avós de hoje estudam, freqüentam academias, viajam com freqüência, preocupam-se mais com a aparência, com a informação e com a prevenção para uma boa saúde. O estilo de vida que a modernidade oferece, somado aos avanços do conhecimento científico, especialmente na área da saúde, trouxe um contingente de pessoas bem dispostas, ainda com muito a oferecer para a sociedade. Interessante é a constatação feita pelos psicólogos de que as relações afetivas são tão determinantes para ganhar anos a mais quanto os cuidados com a saúde. A boa convivência com os familiares e com os amigos traz uma sensação de bem-estar de segurança que reforça o sistema imunológico, garante o médico geriatra Renato Maia Guimarães, entrevistado pela citada revista. Uma pesquisa feita com idosos, na Austrália, mostrou que aqueles que mantém fortes conexões sociais vivem mais do que aqueles que preferem o isolamento. Assim, sugiro como presente neste dia dos avós, 26 de julho, que a presença e alegria dos filhos e netos sejam oferecidos, mas que não seja apenas nesse dia, porém que ele sirva como marco para o início de uma convivência mais estreita, contínua e afetuosa. Transcrevo aqui as palavras de Manoel Carlos, na crônica “Viver”: Vivemos hoje esse tempo solar, que ilumina os nossos dias e enche de luar as nossas noites. A ideia do amor à vida e à felicidade em qualquer idade não é nova, mas por muito tempo ela esteve camuflada por outra ideia: a de que o prazer é patrimônio da juventude. Não é. Vale lembrar, para terminar, uma reflexão de Sófocles, feita 400 anos antes de Cristo: Ninguém ama tanto a vida como a pessoa que envelhece.
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