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domingo, 29 de janeiro de 2012

VIDA (Martha Medeiros)





Vida é o que existe entre o nascimento e a morte.O que acontece no meio é o que importa.No meio, a gente descobre que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.
Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início.Que o pensamento é uma aventura sem igual.Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro.Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.No meio, a gente descobre que sofre mais com as coisas que imagina que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato.Que amar é lapidação, e não destruição.Que certos riscos compensam _ o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.
Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso.Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante.Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa.Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo.Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio.Que todas as escolhas geram dúvida, todas.Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.
Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte _ mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos.Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável.Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).
Que tocar na dor do outro exige delicadeza.Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais.
Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade.E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dívidas contraídas no casamento devem ser partilhadas na separação



O Tribunal de Justiça do Estado negou pedido de pensão alimentícia a ex-mulher e determinou assim como a partilha de dívidas do ex-casal, confirmando sentença proferida na Comarca de Marau.
O Juízo do 1º Grau concedeu o pedido. A decisão foi confirmada pelo TJRS.
Caso
O autor do processo ingressou na Justiça com ação de separação, partilha e alimentos contra a ex-mulher. O casal já estava separado há dois anos.
No pedido, o ex-marido apresentou as dívidas a serem partilhadas, sendo elas um débito no valor de cerca de R$ 4 mil, decorrente de um financiamento para custear um piano dado de presente à filha do casal, bem como a mensalidade da faculdade da jovem, no valor de R$ 346,00.
Sentença
O processo tramitou na Comarca de Marau. O julgamento foi realizado pela Juíza de Direito Margot Cristina Agostini, da 1ª Vara Judicial do Foro de Marau.
Na sentença, a magistrada concedeu a separação e determinou que a ex-mulher do autor da ação deve dividir os gastos com as dívidas do financiamento do piano, bem como arcar com 50% dos custos com a faculdade da filha.
Mesmo não tendo muitas condições financeiras, a genitora também é responsável pelos gastos com os estudos da filha, não podendo eximir-se de tal responsabilidade, afirmou a Juíza.
A ex-mulher chegou a contestar que o piano foi um presente dado pelo pai. No entanto, a magistrada explica que, por estarem casados no regime de comunhão parcial de bens, na época em que o financiamento foi realizado, a mãe deve arcar com metade dos gastos.
Mesmo sendo um presente do pai, a mãe deve se responsabilizar pela metade do pagamento do mesmo, ressaltou a magistrada.
A Juíza de direito Margot Cristina Agostini também determinou que o autor da ação não é obrigado a pagar ação de alimentos para a ex-mulher, pois a mesma é jovem (36 anos), saudável e apta ao trabalho.
Houve recurso da decisão por parte da ex-mulher.
Apelação
No TJRS, o recurso foi julgado pela 8ª Câmara Cível. O Desembargador relator Rui Portanova negou provimento ao apelo.
Segundo o magistrado, as dívidas contraídas no curso do casamento, para custear estudos da filha comum e para adquirir um instrumento musical para a menina, devem ser partilhadas.
O Desembargador destacou ainda que a ex-mulher é uma pessoa jovem, sem problemas de saúde e apta ao trabalho.
A sentença do Juízo do 1º Grau foi confirmada por unanimidade. Também participaram do julgamento os Desembargadores Luiz Felipe Brasil Santos e Alzir Felippe Schmitz, que acompanharam o voto do Desembargador-relator.
Apelação nº 70046156030

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Internet não é um direito humano’




Por Murilo Roncolato
Em artigo, Vinton Cerf, um dos pais da internet diz que conceituar a internet como direito nos faria valorizar as coisas erradas
Vinton Cerf foi membro do DARPA, agência americana de projetos de defesa fundamental para a criação da base da internet. Uma das figuras fundamentais para a construção da internet da maneira como a conhecemos hoje é Vinton Gray Cerf, membro da IEEE e vice-presidente do Google desde 2005. Em um artigo publicado pelo New York Times, o criador adjunto do padrão TCP/IP se esforçou para deixar um claro uma opinião que tende a aquecer um debate que já circula internacionalmente há algum tempo: a internet não deve ser considerada um direito humano.
A posição de Vint faz referência às atitudes de países (como Finlândia e França) e da ONU que classificaram o acesso à internet como um direito humano sob a justificativa de que estar online seria fundamental para a cidadania, assim como a liberdade de expressão. Em junho, a Organização das Nações Unidas declarou em um relatório oficial que a internet estava sob ataque de governos em quase todo o mundo e por isso deveria ser protegida. Para isso, declarou a internet um direito humano, o que geraria para um infrator – um país que barrasse a sua população de acessar a web, por exemplo – punições internacionais.
Vinton Cerf argumenta que não é o acesso à internet que deve ser protegida sob a tutela do Direito, pois se trata apenas um instrumento, um meio pelo qual as pessoas podem exercer seus direitos básicos, como o de acesso à informação e o de se expressar. Diz Cerf em seu artigo (veja aqui ele na íntegra):
“A tecnologia é um meio que possibilita estes direitos, e não um direito em si. Existe um critério mais elevado para que alguma coisa seja considerada um direito humano. Em sentido amplo, ela deve ser uma daquelas coisas das quais nós, seres humanos, precisamos a fim de poder levar uma vida saudável, dotada de sentido, como uma existência sem tortura ou a liberdade de consciência.
É um erro colocar determinada tecnologia nesta eminente categoria, porque ao longo do tempo acabaremos valorizando as coisas erradas.”
O atual executivo do Google argumenta que a própria ONU “admitia que a internet é valiosa como meio para alcançar um fim, e não um fim em si mesma”. Para ele, em vez de um direito humano, o acesso à internet poderia ser garantido sob o conceito de direito civil – como um serviço universal, ficando ao lado do serviço telefônico – o que, segundo ele, seria estabelecido por lei e, por isso, tutelado pelo Estado.
O coordenador adjunto do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV do Rio de Janeiro, Carlos Affonso, analisa que do texto de Cerf pode-se ter a impressão de que a internet deveria ser vista de um ponto de vista puramente técnico, ignorando assim a pluralidade de atores que participam desse ambiente como a sociedade civil, as empresas (enquanto usuárias da rede) e, principalmente, o teor político do debate sobre a garantia do acesso.
“A crítica dele é a de é a pessoa por trás da tecnologia que precisa ser tutelada, e não a tecnologia em si”, diz Affonso. “Mas perceber a internet apenas como uma tecnologia é uma visão que tira dela toda uma visão social e política que a própria engenharia da internet e seus aspectos técnicos carregam. É importante não levar o texto dele a um extremo e elevar o tema da tecnologia para além do ponto de vista técnico.”
No final de seu artigo, Cerf aponta como responsabilidade dos “criadores de tecnologia” em responder pelos “direitos humanos e civis”. “Neste contexto, os engenheiros não só têm a tremenda obrigação de conferir a capacidade aos usuários de usar a tecnologia, mas também a obrigação de garantir a segurança dos usuários”.
Para ele, os engenheiros – e nesse ponto ele invoca a associação à qual pertence, o Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos – deveriam ter consciência das “responsabilidades civis além da capacidade” dos engenheiros. “Aprimorar a Internet é apenas um meio, embora um meio importante, pelo qual é possível aprimorar a condição humana. Isto deve ser feito com a valorização dos direitos civis e humanos que devem ser protegidos – sem pretender que o acesso em si a esta tecnologia seja um direito.”
Engrossando o caldo O professor de Direito da FGV-RJ, Carlos Affonso, contrapõe a fala de Cerf lembrando que “a estrutura da internet – sendo uma rede descentralizada de redes – é de escolhas técnicas que formam uma tecnologia gerando um meio altamente político, com consequências sociais e econômicas graves”.
Em tempos de Primavera Árabe, quando você tem uma pessoa do calibre do Vint Cerf dizendo que a internet não é um direito humano poderia representar uma negativa para o tema. Mas não é isso. É preciso não reduzir o que ele escreveu e relacionar também com o que tem dito nos últimos anos”, pondera Affonso que lembra dos encontros internacionais de que participou com a presença de Vinton Cerf, como o realizado em Nairobi, no qual o papel dos direitos humanos na tecnologia foi alvo de debate.
No dia 14 de dezembro, Vinton Cerf enviou uma carta para o congressista americano Lamar Smith, membro do Comitê de Justiça do Congresso e autor da Stop Online Piracy Act, lei antipirataria online conhecido pela sigla S.O.P.A. No documento, o ex-membro da DARPA se mostra preocupado com as consequências da norma, diz que o bloqueio a sites era algo “problemático” e sugere inúmeras alternativas ao projeto. A lei “prejudicaria a arquitetura da internet e obstruiria o esforço de 15 anos pelos setores público e privado visando melhorar a segurança cibernética através da implementação do DNSSEC, um conjunto de extensões projetado para solucionar vulnerabilidades de segurança no DNS [Sistema de Nomes de Domínios].”
Por fim diz ter “preocupações sobre a eficácia e inteligência dessa legislação”.
Carlos Affonso questiona se o artigo feito para o NYT não faz parte da discussão sobre o S.O.P.A mesmo que não cite a lei. “Vint diz que internet é uma tecnologia, essa tecnologia é papel de técnicos e é necessário que não se polua o debate com questões políticas. É uma forma de dizer que os rumos da internet tomados por governos nos últimos anos podem comprometer a internet. O artigo do Vint que pode ser tomado como uma análise do aspecto político da internet pode ser visto pelo lado oposto: o recado ‘a movimentação política que interfira na tecnologia é uma decisão que pode reduzir direitos fundamentais’. Só não sei se a melhor resposta é colocar o aspecto técnico separado do política como ele fez.”




fonte- aprenderdireito.blogspot.com

domingo, 15 de janeiro de 2012

Número de padres casados deve aumentar nos EUA



Ordinariato para membros da Igreja Episcopal que queiram mudar para o catolicismo desafia tradição do celibato..No primeiro dia do Ano Novo, o Vaticano anunciou a formação de um ordinariato - uma espécie de diocese sem fronteiras - para que os sacerdotes da Igreja Episcopal e suas congregações pudessem se juntar ao catolicismo romano. A grande novidade não é que alguns episcopais terão rápido acesso ao catolicismo, mas que em breve haverá ainda mais padres casados nos Estados Unidos. E padres casados criam dúvidas provocadoras sobre os fundamentos da Igreja Católica, cuja escassez de clérigos vem piorando a cada dia.
A maioria dos americanos - talvez a maioria dos católicos americanos - não sabe que a Igreja permite que padres sejam casados. Sempre houve padres casados nos ritos não-latinos, como o catolicismo maronita ou o catolicismo ucraniano. Essas igrejas são totalmente católicas, obedientes ao papa, mas ordenam homens casados, embora eles permitam que padres solteiros se casem após terem assumido o sacerdócio. Alguns padres do catolicismo romano também foram casados, pelo menos até o Primeiro Concílio de Latrão, em 1123, que proibiu a prática. Padres católicos casados puderam novamente ter esposas em 1980, quando a Igreja disse que os clérigos protestantes que se tornassem padres católicos poderiam permanecer casados. Existem cerca de 80 padres católicos desse tipo nos Estados Unidos, diz o reverendo Paul D. Sullins, sociólogo da Universidade Católica em Washington. Ele, que foi um padre episcopal, agora ele é um padre católico casado.
Sullins já entrevistou mais de 70 padres casados e muitas de suas esposas para um livro que está escrevendo. Ele diz que a grande maioria dos sacerdotes são ex-episcopais, embora alguns tenham vinco de outras denominações protestantes.
O pequeno grupo de padres casados cria várias dúvidas. Primeiro, eles estão fazendo um trabalho tão bom quanto os outros padres? Se a igreja decidiu que o celibato confere certos dons aos sacerdotes, seria correto dizer que padres casados são menos capacitados para servir suas congregações? Além disso, será que os padres que adotaram o celibato não têm inveja dos padres que podem servir a Deus e também fazer sexo? Por outro lado, se os padres casados estão fazendo um bom trabalho e não provocam esta inveja, por que então manter a regra do celibato para os sacerdotes em geral? Para responder à primeira pergunta, é importante compreender a razão para a regra do celibato. "O celibato" refere-se a uma vida sem casamento; "continência" é o termo para uma vida sem atividade sexual. Em princípio, padres celibatários são também continentes. A Igreja nunca ensinou que o celibato é necessário para o sacerdócio, mas a tradição diz que um sacerdote que realiza os sacramentos representa Jesus Cristo, que era solteiro. Esta ideia do sacerdote in persona Christi, ou na pessoa de Cristo, é também um dos principais motivos pelo qual mulheres não podem assumir o sacerdócio.
Além disso, segundo Sullins, acredita-se que "se um homem não é casado, ele é capaz de se dedicar mais completa e exclusivamente à sua paróquia”. Mas ele descobriu que padres casados são geralmente auxiliados e não prejudicados por suas esposas, que geralmente também são muito comprometidas com a paróquia. Ele acrescenta que os sacerdotes celibatários podem ser menos acessíveis do que os padres casados. "A verdade é que os padres celibatários, muitas vezes têm maneiras de se isolar", diz Sullins. "Se você ligar para a reitoria de um padre celibatário no meio da noite, é provável que caia na caixa postal. Mas se você ligar para a reitoria de um padre casado no meio da noite, e ele não está muito inclinado a sair, vai receber um cutucão de sua companheira, dizendo: 'Ei, você se comprometeu com este trabalho. Não quero dizer que a diferença é grande, mas se há uma diferença, ela é a favor do padre casado", acrescentou.
A Igreja Católica Romana tradicionalmente tem mostrado preferência por clérigos celibatários, impedindo os padres casados de atuar em paróquias, a menos que tenham sido permitidos por alguma circunstância especial. Os sacerdotes episcopais que entrarem na igreja como parte do novo ordinariato serão exceções a essa regra. E por culpa de padres americanos, as circunstâncias já têm colocado padres casados no comando de muitas paróquias. Na verdade, o Reverendo James Parker, o primeiro padre casado aceito sob a Provisão Pastoral, como é conhecida a regra da igreja estabelecida em 1980, foi encarregado por uma paróquia em Charleston, Carolina do Sul, e aparentemente fez um bom trabalho.
"Ele era apenas um irmão entre irmãos", diz o reverendo Jay Scott Newman, que pastoreia uma igreja em Greenville, Carolina do Sul. Para ele, o fato de Parker ser casado "nunca foi um problema, nem por um instante." E ele foi capaz de fazer bem o seu trabalho, assim como os homens casados em outras profissões exigentes.
"Médicos que trabalham 80 horas por semana conseguem ter filhos", disse Newman. "Isso pode ser feito. E estes sacerdotes fazem isso como anglicanos" - a igreja da qual os episcopais fazem parte.
Este caloroso elogio de Newman a seu colega casado ajuda a responder a nossa segunda questão, a da inveja. Não encontrei nenhuma evidência de que padres celibatários ressentem seus colegas casados. Embora um pequeno número de teólogos e canonistas tenha criticado a Provisão Pastoral de 1980, parece que os padres não se incomodam com ela.
Mesmo Newman, por exemplo, que acredita que o celibato é uma importante declaração da contracultura - um padre celibatário "apostou sua vida na premissa de que esta vida não é tudo que existe e ele está colocando a sua carne como prova disso" - diz que a Igreja pode abrir exceções. Referindo-se a outro sacerdote casado que ele conheceu na Carolina do Sul, Newman disse que "houve uma compreensão intuitiva entre todos de que esta foi uma exceção à regra e não houve injustiça contra aqueles que foram católicos ao longo de sua vida e se tornaram padres sabendo que o celibato fazia parte”.
A posição geral da Igreja a respeito do celibato sacerdotal, de que é ideal porém não é necessária, é enfraquecida já que alguns padres casados parecem estar muito próximo do ideal. E à medida que a falta de padres piora, o celibato voltará a ser debatido.
Pelo menos 25 mil americanos abandonaram o sacerdócio desde 1970, segundo Sullins. Muitos deles esperavam que a igreja abandonasse a regra do celibato, mas quando perceberam que a regra não iria mudar, deixaram de ser padres e se casaram. São vinte e cinco mil ex-padres em um país com menos de 40 mil sacerdotes hoje em dia. Celibatários ou não, todos os católicos conseguem fazer a conta.
Por Mark Oppenheimer
Fonte-IG- último segundo

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Crise faz pais abandonarem filhos na Grécia




A crise financeira grega casou tamanho desespero em algumas famílias que estas estão abrindo mão de seus bens mais preciosos: seus filhos.
Certa manhã, algumas semanas antes do Natal, uma professora pré-primária em Atenas encontrou um bilhete que dizia respeito a uma de suas alunas de quatro anos de idade.
Não voltarei para buscar Anna hoje porque não tenho dinheiro para cuidar dela", dizia o bilhete. "Por favor, tome conta dela. Desculpe. Sua mãe."
Nos dois últimos meses, o padre Antonios, um jovem sacerdote ortodoxo que dirige um centro de juventude para a população carente, encontrou quatro crianças em sua porta - entre elas, um bebê com menos de um mês de idade.
Outra organização não governamental teve de atender um casal cujos bebês gêmeos estavam hospitalizados, sendo tratados por desnutrição. Isso porque a mãe, também desnutrida, não conseguia amamentá-los.
Casos como estes estão chocando um país em que laços familiares são bastante valorizados. O fracasso em cuidar de seus filhos é visto como algo inaceitável socialmente: para os gregos, parecem histórias saídas do Terceiro Mundo, e não se sua própria capital, Atenas.
Desempregada, sem-teto e desesperada
Uma das crianças cuidadas pelo padre Antonios é Natasha, uma esperta menina de dois anos levada ao centro por sua mãe, algumas semanas atrás.
A mãe se disse desempregada, sem-teto e desesperada por ajuda. Mas, antes mesmo que a equipe do centro pudesse oferecer-lhe algo, a mulher desapareceu, deixando sua filha ali.
"No último ano, recebemos centenas de casos de pais que querem deixar seus filhos conosco, por nos conhecerem e confiarem em nós", diz o padre Antonios. "Eles dizem que não têm dinheiro, abrigo ou comida para suas crianças e esperam que nós possamos prover-lhes isso."
Pedidos desse tipo não eram incomuns antes da crise econômica grega. Mas Antonios diz que, até agora, nunca havia se deparado com crianças que haviam sido simplesmente abandonadas.
Maria é uma das mães solteiras pobres a deixar sua filha sob o cuidado de terceiros. "Choro em casa sozinha todas as noites, mas o que posso fazer? Dói meu coração, mas não tive escolha", justifica.
Ela passava seus dias e parte das noites procurando trabalho, tendo que deixar sua filha Anastasia, de oito anos, sozinha em casa durante horas. As duas dependiam da comida doada por uma igreja. Maria diz que perdeu 25 kg.
Até que decidiu deixar Anastasia em uma ONG chamada SOS Children's Villages. "Eu posso sofrer, mas por que ela (Anastasia) teria que sofrer também?", diz Maria.
Maria agora trabalha em um café, mas ganha apenas 20 euros por dia. Visita Anastasia mais ou menos uma vez por mês e espera retomar a guarda da filha quando sua situação econômica melhorar - mas não sabe quando isso vai acontecer.
Longe dos pais
O diretor de assistência social da SOS Children's Villages, Stergios Sifnyos, diz que a ONG não está acostumada a receber crianças de famílias afetadas pela crise, nem quer fazê-lo.
"Maria e Anastasia são muito próximas. Não há razão para ficarem separadas", afirma ele. "Mas é difícil para ela receber sua filha de volta sem ter certeza se vai continuar tendo um emprego no dia seguinte."
No passado, a SOS Children's Village costumava cuidar de crianças afastadas de seus pais quando estes tinham problemas com álcool e drogas. Agora, o principal fator é a pobreza.
Outra ONG, The Smile of a Child, atendia no passado principalmente casos envolvendo abusos e negligência de menores. Hoje também está tendo que atender crianças prejudicadas por carências econômicas.
O psicólogo-chefe da ONG, Stefanos Alevizos, diz que, quando uma criança é deixada por seus pais nessa situação, suas fundações psicológicas ficam profundamente abaladas.
"Elas experimentam (os sentimentos de) separação como um ato de violência, porque não conseguem entender as razões disso", explica.
Mas, para Sofia Kouhi, da mesma ONG, a maior tragédia da atual situação grega é que os pais que deixam seus filhos sob os cuidados de terceiros costumam ser os que mais amam essas crianças.
"É muito triste ver a dor em seu coração por deixar seus filhos, mas eles sabem que é melhor assim, pelo menos neste momento", opina.
O padre Antonios discorda. Ele acredita que, por mais pobres que sejam seus pais, as crianças sempre estão em melhor situação se estiverem com suas famílias.
"Estas famílias serão julgadas por abandonarem seus filhos", afirma. "Podemos prover comida e abrigo, mas a maior necessidade de uma criança é sentir o amor de seus pais



fonte- anjoseguerreiros.blogspot.com

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ainda sobre os Baby Boomers




Deixando sua casa em ordem
Como tudo aquilo com o que eles se envolveram, os Baby Boomers estão redefinindo o modo como as pessoas se preparam para o final da vida. Uma nova tendência é o testamento ético. Em vez de apenas providenciar um documento legal que divide sua propriedade, os Boomers estão criando algo que irá deixar como herança não só suas posses, mas seus valores. Esses testamentos éticos são o histórico da família, a história pessoal e a diretriz através do estimado sistema de valores passados. Eles permitem que os antepassados sejam lembrados pelo o que realmente foram, em vez de apenas por aquilo que possuíam.
Os Boomers estão interessados na sua própria individualidade e o final de sua vida é somente mais uma oportunidade para imprimir sua marca no mundo. Ficaram para trás os dias de silêncio, lembranças melancólicas e a leitura do testamento. Em vez disso, os Boomers estão produzindo um espetáculo. Eles não querem ser velados, mas sim celebrados. O que os Boomers querem é uma experiência por meio da qual eles sintam o que melhor sintetiza a sua vida. Eles não se consideram pessoas enfadonhas e melancólicas. Eles são jovens, são estilosos. São os Boomers. Por isso, estão tomando as providências por conta própria para assegurar que terão o funeral e a experiência que desejam, atrelando novas expectativas dos consumidores e incumbências menores às igrejas e tradições de respeito. Essa mudança conta com diretores de funeral se desdobrando como organizadores de festas.
Um fator que está contribuindo para essa reinvenção do funeral é o crescimento da popularidade da cremação. De acordo com a Cremation Association of North America (Associação de Cremação da América do Norte), 31% dos americanos foram cremados em 2004, contra apenas 6% em 1975. E o número deve crescer. A cremação não expõe o corpo no velório, o que facilita a superação do clima melancólico.
Além disso, os Boomers estão repensando o que fazer com os restos que deixam para trás. Uma idéia é o conceito do cemitério ecológico. As pessoas são enterradas e não são embalsamadas em um buraco raso sem um caixão. Em seguida, seu corpo passa a fertilizar as flores silvestres que crescem. Essa opção também ajuda a preservar a terra ao determiná-la como um cemitério, o que assegura que nenhum empreendedor poderá construir sobre você.
Para os Boomers que procuram algo mais duradouro, uma empresa em Chicago, a LifeGem, irá extrair 228,57 g dos restos de uma pessoa que foi cremada e comprimi-los para criar um diamante de verdade. Você poderia 'usar' seu ente querido e mantê-lo próximo ao seu coração pelo resto da vida!

Geração Baby Boomers



Descobri que pertenço à geração Baby Boomers. Com o final da segunda guerra mundial e a explosão da economia, houve um boom do aumento populacional que durou por um período de 20 anos (1946 a 1964). Conforme o site da UOL, os Baby Boomers foram a primeira geração que cresceu em frente à TV. Eles puderam compartilhar eventos culturais e marcos com todas as pessoas no seu grupo de idade, independentemente de onde elas estavam. Essa geração, tendo passado sua juventude lutando contra o poder e exigindo mudanças, se tornou a força dominante no cenário político. Como líderes no movimento dos direitos civis, movimento feminista, direitos dos homossexuais, dos deficientes e à privacidade, a geração Baby Boomer esteve na vanguarda da expansão da liberdade individual. Se há algo que une essa geração é o consumismo. À medida em que os Boomers mais velhos completam 60 anos, os publicitários têm a incumbência de se manter a par da inquietante mudança demográfica (no RS especialmente, pois é o Estado que lidera o rancking brasileiro de pessoas com 65 anos ou mais). Recentemente, em pesquisa realizada nos EUA, os representantes dessa geração opinaram que a a idade avançada não começa antes dos 77 anos. As publicações a respeito informam que essa geração é a autora da frase “não confie em ninguém com mais de trinta anos”. E agora? Todos superaram há muito essa idade... Deixaram de ser confiáveis?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Prisão como último recurso



Projeto quer aplicar penas mais leves para pais que não pagam pensão
Se for aprovada pelo Congresso, a pena de prisão passa a ser o último recurso. A mudança faz parte das propostas do novo Código de Processo Civil.
Giovana Teles Brasília
O Congresso analisa a proposta para criar penas mais leves para os pais que atrasarem o pagamento da pensão alimentícia dos filhos. Se for aprovada, a pena de prisão passa a ser o último recurso. A mudança faz parte das propostas do novo Código de Processo Civil e conta com o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cesar Peluso. É uma opinião de peso que esquentou o debate sobre o assunto.
Todo dia, a cada hora, pelo menos um pedido de pensão alimentícia chega aos tribunais do Distrito Federal. Não existe uma estatística nacional sobre quantas pessoas estão presas porque atrasaram o pagamento desse compromisso, mas só na cidade de São Paulo, por exemplo, 148 pais estão na cadeia por esse motivo.
O relator da matéria na Câmara, o deputado Sérgio Barradas Carneiro, quer criar alternativas à prisão imediata dos pais. “O projeto prevê a emissão de um certificado, que valerá como um título para ser protestado restringindo o crédito da pessoa. Se não pagar, sugerimos prisão em regime semi-aberto e, somente em último caso, a prisão em regime fechado”, explica Carneiro.
A proposta divide opiniões, mas na maioria, as mulheres são contra e os homens gostaram da novidade. Um homem que não quer se identificar e tem dois filhos, quando se separou, fechou um acordo na Justiça para pagar 12 salários mínimos por mês para cada um. Hoje, ele afirma que faliu e agora deposita R$ 3 mil por mês. Sua ex-mulher já pediu a prisão várias vezes. “Eu recorro aos tribunais e ao desembargador para pedir habeas corpus. Esse rito da prisão é uma agressão, porque eu não sou bandido, não cometi crime, nem nada. Eu só não tenho condição de pagar o que foi combinado”, afirma. Ele já entrou com pedido de revisão da pensão, mas a decisão final ainda não saiu. “Se eu chegar a ser preso, não vou ter como pagar. Eu preciso trabalhar todo dia para ganhar dinheiro”, completa.
A advogada Maria Cláudia Azevedo Araújo, especializada em direito de família, reconhece que a Justiça demora nesses casos de revisão da pensão. Mas, segundo ela, a pena de prisão ainda é a mais eficiente. “Quando chega a ser decretada a prisão de uma pessoa que está devendo pensão alimentícia é porque já foi tentado de tudo. Então, nós vamos tirar uma coisa que funciona? Eu acho que não está certo”, opina.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Texto de Lia Luft sobre a Lei das Palmadas



Texto de Lia Luft sobre a Lei das Palmadas (Veja /4/1/11): (...) Não é uma lei invasiva que vai nos tornar melhores pais, melhores educadores, melhores pessoas. É a cultura, são as condições sociais, econõmicas e culturais, é a educação que informa direito, é a construção de nossa identidade pessoal, nossa bagagem de valores, os elementos básicos que os governos nos oferecem para que a gente possa evoluir. Em resumo, é a arquitetura de nós mesmos enquanto povos e indivíduos decentes- incluindo como tratamos, criamos, amamos, educamos quem depende de nós.(...)