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domingo, 24 de maio de 2009

A moça na janela


Senti que estava sendo observada quando caminhava pela Rua Dr Bozano. Instintivamente olhei para o alto e a vi. No primeiro instante, com o reflexo do sol, achei que fosse real e, somente depois, percebi que se tratava de uma escultura representando uma moça debruçada sobre a janela, no alto do prédio da tradicional loja de calçados. Fiquei encantada com a novidade. Mesmo passando quase que diariamente por ali, nunca a havia notado, apesar da data gravada apontar o ano de 2008. Maravilhosa idéia, pois a estátua contempla o povo, e não o inverso. Ela é descoberta aos poucos, de forma individual e surpreende a todos. Neste mês de maio, o povo santamariense também teve outra grata surpresa: os balões que coloriram o céu no festival promovido para comemorar o aniversário da cidade. E que céu... Como na música do Chico Buarque, todos pararam para ver o balão (e não a banda) passar. Primeiro, foi numa sexta-feira de manhã onde, inesperada e lentamente, foram surgindo no céu. Perdi este primeiro ato do espetáculo, absorvida toda a manhã pela rotina do trabalho. Não se falou de outra coisa durante todo o dia. Já no sábado à tarde, alertada pelos gritos das crianças na rua, fui até a janela e lá estavam: primeiro um, na cor branca e amarela, depois outro mais colorido, e outro, e mais outro...até se avistarem nove balões. Corremos para a rua e maravilhados, descobrimos que eles estavam descendo tão próximos, pousando no campo junto aos trilhos do trem. Nunca vi juntar tanto público de maneira tão rápida. Carros chegando, crianças e adultos correndo, todos entrando sem a menor cerimônia na propriedade, hoje particular, da empresa ferroviária. Os funcionários ficaram alarmados e corriam por todos os lados pedindo para os carros saírem, pois nada havia sido planejado. Foram apenas três balões que ali pousaram, os demais continuaram suas viagens aéreas, mas a cena dos modernos e colorido balões pousados junto aos antigos e escuros trens, ligando o presente ao passado, foi uma visão emocionante. Os olhos marejados de lágrimas das pessoas que ali estavam, muitos deles talvez lembrando de suas infâncias naquele local, com brincadeiras junto aos antigos vagões, misturados com os gritos e risadas das crianças de hoje, demonstraram que a felicidade está nos momentos de alegres surpresas, e a nossa infância está apenas adormecida dentro de nós. A moça da janela, com certeza sorriria, se pudesse ter visto aquela cena. Uma pena que ela apenas contempla a correria diária do centro da cidade, do alto do prédio da loja de calçados...

Um comentário:

  1. Achei sensacional a estátua da tal moça debruçada sobre a janela, contudo, nunca consegui entender seu verdadeiro significado. Será homenagem de algum apaixonado?!

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