Hoje eu observava minhas próprias mãos. Não sei quando elas
envelheceram, mas acho que foi de repente. Talvez meu rosto também tenha
envelhecido, não sei, não tenho como vê-lo da mesma forma e frequência com que
percebo as minhas mãos. Acho que os espelhos são mentirosos, porque quando nos
vemos em fotografias nos surpreendemos e, quando nos vemos em vídeos, muitas
vezes nem nos reconhecemos. Minhas mãos envelheceram e com elas, certamente, meu
rosto e meu corpo inteiro E eu nem percebi. Nunca me importei muito com meu
corpo mesmo. Meu medo maior é que meu espírito envelheça e que, de repente, eu
consiga enxergá-lo da mesma forma com que de repente enxerguei as minhas mãos.
E ele me surpreenda com suas rugas, manchas e ressecamento. Para meu espírito
sim, eu deve procurar cuidados. Prevenir-me para que as rugas que possam surgir
não dobrem as lembranças do tempo e as boas aprendizagens que recebi; para que
as manchas que possam marcá-lo não sejam fruto de sentimentos negativos que
venham afetar meu caráter e minha história de vida, e que o ressecamento que
possa lhe acometer não seja a dureza e a insensibilidade no trato com o outro e
na forma de conviver nesse mundo. Que minhas mãos, meu rosto e meu corpo se
enruguem, cubram-se de manchas, ressequem
e envelheçam, mas que meu espírito conserve a juventude e a pureza com
que Deus me presenteou desde que essas
mesmas mãos, esse mesmo rosto e este mesmo corpo começaram a tomar forma...
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