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sábado, 19 de janeiro de 2013

O exame da OAB e os professores de Direito



Como professora de Direito desde 1994, a preocupação com o desempenho dos alunos na prova da OAB tem sido uma constante, O último resultado da prova com índices de reprovação de mais de 80% é assustador, mas a questão não pode ser simplificada na atribuição da culpa aos cursos de Direito. O pró-reitor acadêmico da UNISINOS, Pedro Gilberto Gomes, no texto “O que a OAB deseja?” publicado na ZH do dia 19 de janeiro de 2013, expõe várias reflexões, das quais comungo inteiramente. São elas:

- é necessário dar um basta na expansão desenfreada dos cursos de Direito, mas não se pode atribuir de forma tão simplista o baixo desempenho dos alunos à esse fato;

- todo o professor sabe que quando o desempenho da turma não atinge 20% de aprovação na sua disciplina, o problema não pode ser creditado apenas a ele;

-há anos o exame vem apresentando resultados catastróficos e ”a OAB alvora-se em grande guardiã da qualidade e da excelência do ensino jurídico”. Assim, apresenta como diagnósticos: o péssimo ensino ministrado e a proliferação dos cursos de Direito, além da inoperância do MEC. Porém, como bem destaca o professor: “não se observa um real esforço da entidade em buscar uma solução para o problema”;

- a indagação feita, e da qual comungo, é  a seguinte: Onde está o equívoco? Para que é realizado o exame? O que a OAB deseja? Medir o conhecimento teórico do candidato ou eliminar o maior número de candidatos para não inflacionar o mercado?

- a proposta do professor é de que a comissão de avaliação e os pró-reitores de graduação se encontrem para resolver o impasse, num grande debate nacional.

As universidades e, em especial, os Cursos de Direito devem assumir seu papel e responsabilidade efetiva nesse processo. Nós, professores de Direito acabamos sofrendo os efeitos nefastos de tais resultados. O desempenho dos alunos no exame da OAB não interessa apenas ao candidato que a ele se submete, mas interessa a nós, professores, e às Universidades, pois o resultado desse “processo avaliativo” está sendo atribuído diretamente ao nosso desempenho pedagógico. No entanto, não participamos nem temos conhecimento de como esse instrumento de avaliação é elaborado, quais os critérios utilizados na escolha e forma das questões, e até mesmo, qual o verdadeiro objetivo dessa seleção.

  

 

 

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