Quando oramos aos céus, ou mesmo no cantinho, aos gritos ou baixinho, sussurramos em pranto a Deus. Por que se foram? Onde estão? Quem são?
A partir de hoje seremos sempre vítimas. Não as centenas de falecidos ou ainda outros tantos feridos; seremos milhares, vítimas da ausência, vítimas da saudade, vítimas do silêncio ensurdecedor.
Somos todos reduzidos e pequenos diante da morte; mas muitos são os grandes, anônimos e gigantes que derrubaram paredes, retiram amigos, desconhecidos, que entre fumaça e fogo se fizeram bravos. Eis os nossos heróis.
Hoje e por muitos outros dias a alma triste espera por calma, enquanto o coração do Rio Grande bate fraco, lento, dolorido pela ausência do barulho dos seus filhos, lamentamos sem saber o que somos. Somos tristes, revoltados, atordoados, inertes, chocados.
Somos aqueles, sem saber da partida, deixamos de dar o ultimo beijo; somos também sobreviventes para um novo e longo abraço, o do reencontro.
Somos os lugares que passamos, as pessoas com quem convivemos, nossas lembranças, saudades e esperanças. O dia 28 de janeiro traz um céu limpo, radiante pelo brilho do sol forte, porém nublado e escuro pelo luto dos que choram.
Quando se perde a esposa somos viúvos, quando perdemos os pais somos órfãos, quando se perde os filhos… Hoje, queria saber apenas o que dizer aos pais.
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
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