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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Fila do Amor- Fabrício Carpinejar


FILA DO AMOR

 
Quem amamos sempre deixamos para depois. Porque é da família e vai entender a urgência de nosso trabalho.



Um minutinho, meu filho./ Já te ligo, amor./ Agora estou ocupado./ É uma ligação importante.



Só que o filho cresce e para de nos procurar.

Só que o pai morre e não descobrimos o que ele queria.

Só que a esposa se cansa da solidão e pede o divórcio.



Reclamamos da fila da Previdência, da fila do SUS, da fila dos bancos. Mas os familiares vivem em fila para serem atendidos dentro de casa.



É a fila do amor que não anda. Do amor que pensa que terá tempo em seguida. O tempo adiante será o mesmo tempo de agora. A mesma falta de tempo.



Filhos pequenos são mendigos em seus quartos, esperando que você desligue o telefone, que você preste atenção.



Maltratamos quem a gente gosta com adiamentos e desculpas. A vida passa e a promessa de conversa não se realiza. E não sabemos o que o nosso menino estudou, o que a mulher criou no trabalho, o que a mãe precisava comentar sobre seu passado.



Abandonamos a família porque desejamos ter calma. Ter folga. Ter férias.



Melhor falar nervoso do que não falar. Melhor um pouquinho junto do que nada. Melhor o rascunho do que a idealização.



Interrompa suas atividades para ouvir a família. Mesmo que seja rápido. Mesmo que seja de qualquer jeito.



A conversa é do momento, a conversa é um momento.



É possível desistir de dizer. É possível perder a vontade.



Não existe como recuperar lembranças.

Cuide da família. Agora!


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