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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Ao homem que matou meu cachorro


Este texto foi publicado originalmente em 1955, no Estado de Connecticut. Os sentimentos dos homens em relação aos seus animais não mudam...

“ Espero que V.S. estivesse a caminho de algum lugar importante quando passou pela estrada tão depressa na noite de terça-feira. Talvez nos sentíssemos mais consolados se pudéssemos supor que era um médico indo às pressas fazer um parto, ou aliviar a dor de alguém. A vida de nosso cão para diminuir a dor de alguém; isso poderia consolar um pouco. Mas embora não víssemos senão a sombra escura de seu carro e a trepidação das luzes traseiras quando o senhor saiu em disparado pela estrada, conhecemos muito pouco o seu tipo para acreditar que assim fosse. V. S. Viu o cachorro, pisou no freio, sentiu um baque, ouviu um gemido e depois o grito de minha mulher. Sabemos que seus reflexos são bons, porque V.S. logo meteu o pé no acelerador e foi-se embora depressa. Seja V.S. quem for, é um assassino, e nas suas mãos, a julgar pela maneira de dirigir na terça-feira, à noite, seu carro é uma arma assassina. Como V.S. não se preocupou em olhar, eu lhe direi o que significou o baque. Significaram a vida de Vick, um pequeno basset de seis meses: branco, com manchas castanhas e pretas. Um aristocrata, com 12 campeões entre seus antepassados, mas brincava e corria atrás das coisas e amava as pessoas, as crianças e outros cachorros, com qualquer viralata deste mundo. Lamento que V.S. não tenha parado para ver o serviço que fez, embora um cachorro morrendo à beira da estrada não seja coisa agradável de se ver. Em menos de dois segundos, V.S. transformou um ser vivo, que era belo, quente, limpo, macio e afetuoso, numa coisa suja, feia, estraçalhada e sangrenta. Espero que, no momento em que atropelou meu cachorro, V.S. tenha sentido por um segundo aquela sensação de náusea que nós nunca mais deixamos de sentir. E que V.S. a sinta de novo, cada vez que pensar em dirigir com velocidade numa estrada cheia de curvas. Sim, porque da próxima vez algum menino de oito anos pode estar se equilibrando em sua bicicleta. Ou uma criancinha pequena pode cruzar pode cruzar o portão e sair para estrada, sem saber o que faz, no instante em que seu pai curva-se para arrancar uma erva daninha, como aconteceu quando meu cachorrinho se afastou de mim. Ou talvez V.S. tenha outra vez muita sorte e mate apenas outro cachorro, deixando outra família desolada.”

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