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terça-feira, 26 de julho de 2011

"E se trocássemos o orgulho da cobrança pela cumplicidade emocionada do erro?"




Há muito tempo venho observando as notícias diárias sobre violência física de ex-maridos e ex-companheiros contra as mulheres, muitas vezes envolvendo homicídio e posterior suicídio do agressor, Não sei se existem dados estatísticos oficiais sobre o assunto, mas o que qualquer leigo percebe é a altíssima incidência de casos semelhantes, pelo simples conhecimento através dos meios de comunicação. Preocupa-me o papel dos operadores de direito que atuam na área de Direito de Família na condução dos processos de divórcio e dissolução de uniões estáveis. Será que efetivamente existe uma preocupação com a conciliação dos litígios? Muitas vezes o resultado do processo pode gerar um conflito ainda maior do que antes. É o caso da disputa de guarda de filhos, partilha de bens e alimentos. São situações conflitantes que, por omissão, descuido ou mesmo incompetência do próprio sistema pode acarretar nas comuns situações de violência. De quem é a responsabilidade? Falta de preparo dos advogados, juízes, promotores, serventuários? Falta de assessoramento de equipes especializadas e preocupadas com a questão humana, e não apenas com a questão jurídica? Culpa do sistema como um todo? Nós, seres humanos de forma geral, temos muita dificuldade em lidar com as nossas frustrações e fracassos, o que acarreta um desequilíbrio emocional desencadeia as citadas situações de violência. Ao ler o texto do poeta Fabrício Carpinejar, Antes das Fotografias, publicado na Zero Hora de 26 de julho, achei que ele oferece um belo conselho a ser dado aos casais que separam: encarar o fim da relação sob o ponto de vista dos filhos. Eis um pequeno trecho: Todos, quando pequenos, sofrem com o divórcio dos pais, indicativo do trauma, término da idealização e receio de parar num orfanato. E todos, quando maduros, consideram a separação necessária e natural. É impressionante o quanto nos esforçamos para manter os pais juntos, e não realizamos quase nada pelo nosso casamento na vida adulta. E se lutássemos para entender nossa esposa como defendemos nossa mãe? Se realizássemos metade da birra feita com o pai durante a despedida de nossa mulher? Se trocássemos o orgulho da cobrança pela cumplicidade emocionada do erro? Se desejássemos falar menos e ouvir a voz dela mais um pouco? Se fôssemos meninos para sempre, nenhuma separação seria fácil. O amor não morreria fácil. O papel vegetal protegeria as fotos.

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