Total de visualizações de página

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Prova da OAB e a qualidade do ensino





Teve enorme repercussão o resultado da última prova unificada da OAB. Com razão, pois os índices são catastróficos: 92,4% de reprovação e 90 IES sem nenhum candidato aprovado. Acho que minha docência na área por um período de 15 anos, no ensino público e no ensino privado, bem como mais de 33 anos de magistério podem servir para apontar algumas justificativas. Recebemos alunos com enormes deficiências nas habilidades básicas para o exercício da advocacia. Capacidade de interpretação, hábitos de leitura, redação, não somente na correção ortográfica, mas na clareza e objetividade, e, principalmente, a falta de capacidade de pesquisa são os maiores problemas detectados. Essas deficiências são visíveis em especial no momento da prática do estágio e na elaboração do trabalho final de graduação (monografia), quando o acadêmico já se encontra na "reta final", tendo já passado por quatro ou cinco anos de curso, e os problemas são quase impossíveis de serem sanados. A sociedade, a OAB, o MEC e as autoridades institucionais cobram e esperam a pronta solução por parte do professor. Ocorre que a expansão do oferecimento dos cursos de Direito e a correspondente facilitação do ingresso, não só pela abertura de vagas, mas também pelo oferecimento de formas especiais de acesso, como reingresso do portador de ensino superior, ou pessoas de idade mais avançada, fez com que a seleção fosse cada vez mais facilitada. Posso citar como exemplo o caso de Santa Maria: quando iniciei minha docência no Curso de Direito (2004), na minha cidade só existia um curso: o oferecido pela UFSM. Hoje existem mais cinco cursos oferecidos pelas instituições privadas, todos com possiiblidade de ingresso semestral em dois turnos, sem contar aqueles oferecidos em Municípios vizinhos. Essa é a realidade do país como um todo, e ela deve ser considerada. Isso também explica a diferença na aprovação dos alunos egressos das instituições públicas, na grande maioria já selecionados em concorrência que supera a proporção de 20 candidatos por vaga. Essa é a cruel realidade. Sem desmerecer nossos alunos egressos de instituições particulares, nem a qualidade de muitos cursos oferecidos por elas, uma vez que o corpo docentes e os recursos materiais oferecidos, ao menos na nossa região, são de excelente qualidade. Também alguns acadêmicos que se formam nessas instituições possuem igual ou melhor preparo daqueles oriundos das universidades públicas. Mas, infelizmente, isso não tem a mesma correspondência numérica em comparação com aqueles que ingressaram no ensio superior com maior suporte de conhecimento e habilidades, já conferidos no concorrido processo de seleção. Posso atestar que o esforço despendido pelo corpo docente das insituições particulares que conheço, bem como o oferecimento de condições materiais e pedagógicas oferecidos pelas IES particulares são inquestionáveis. Porém, a causa do fracasso deve ser investigada de forma muito mais profunda, ou seja, como se diz popularmente: o buraco é mais embaixo , e certamente o poder público, como responsável direto pela educação brasileira deve se envolver. A sociedade espera por isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário