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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A arte de aprender


Em cada semestre, quando passamos pela etapa da avaliação formal no curso de graduação, a angústia dos alunos é bastante visível. O dia da prova ou do trabalho avaliativo é um momento de stress, por mais que o professor tente inovar ou amenizar através de metodologias diferenciadas. Sé em saber que tal atividade “vale nota”, o nervosismo desponta. Também é muito preocupante alguns resultados da avaliação. Muitas vezes eles surpreendem até mesmo o professor. Alunos que aparentam estar atentos na sala da aula, muitas vezes até mesmo participativos, não apresentam um bom rendimento final. Tenho refletido sobre isso, inclusive já me manifestei sobre o assunto no texto “Sobre direção e avaliação”, publicado em 19 de maio passado. Agora quero abordar a situação da falta de estudo ou falta de preparo para o estudo, que é possível observar por parte de alguns alunos. Sei que a situação individual de cada um é diferente. Vários acadêmicos enfrentam enormes dificuldades para manter o curso. São responsabilidades no trabalho, pouco tempo livre, envolvimentos familiares, entre outros problemas. É muito comum também, o aluno sentir-se revoltado por entender que, ao assistir todas as aulas, não poderia ter recebido uma nota baixa. Não é bem assim... O conteúdo trabalhado em sala de aula pode ser perfeitamente compreendido no momento, podemos até mesmo exercitá-lo através de exercícios, e mesmo assim não ocorrer a aprendizagem. É como ler um livro ou assistir um filme, e depois não conseguirmos lembrar alguns detalhes. Porém, se o filme nos marcou profundamente, se o seu enredo conseguiu fazer com que refletíssemos, não o esquecemos mais, podemos, às vezes, lembrar até mesmo de algumas partes do próprio texto. Assim se dá com a aprendizagem, é preciso que ela tenha algum significado para nós. Vou dar um exemplo pessoal: várias vezes tentaram me explicar o que é o “impedimento” no futebol. Na hora da explicação eu até entendo, mas jamais consegui reconhecer o momento em que um jogador estava impedido, antes que o narrador de futebol informasse.. Por que acontece isso? Simplesmente porque não gosto de futebol, assisto para fazer companhia aos familiares, mas, confesso, tenho que lutar contra o sono nesse momento. Ou seja, a informação do “impedimento”, não tem nenhum significado para mim, por isso não a apreendo. Aprendemos quando temos interesse, motivação clara; desenvolvemos hábitos que facilitam o processo de aprendizagem; sentimos prazer no que estudamos e na forma de fazê-lo E, principalmente, aprendemos quando construímos nosso próprio conhecimento, através da pesquisa. Na nossa área isso não é difícil. O acesso às informações é muito facilitado: pela mídia, pela jurisprudência, pelos artigos publicados, pelas palestras, pela doutrina. A pesquisa amplia os horizontes, dá sentido e estimula. Basta ver a animação pela qual um pesquisador fala de seu trabalho. É nisso que eu acredito. Quando tenho um desafio para aprender um conteúdo com o qual não tenho nenhuma familiaridade, faço de conta que tenho que dar uma aula sobre ele. Assim, preciso pesquisar, preciso ampliar o que já é conhecido...é a melhor forma de aprender.

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