A revista Veja (ano 42, n. 42) desta semana novamente retoma o tema Índia, desta vez divulgando a indústria da reprodução assistida que lá se instalou, onde a chamada “barriga de aluguel” é o produto a ser consumido. Enquanto a maioria dos países se preocupa com a questão da bioética, regulamentando a intervenção científica na reprodução humana dentro de um espaço minimamente ético, aquele país oferece aos estrangeiros o serviço de barriga de aluguel por preços módicos. Segundo a reportagem, há pelo menos 350 clínicas especializadas na Índia, sendo que, no ano de 2008, foram realizadas mais de 1.000 tentativas de gravidez com mãe gestacional contratada. Estima-se que este ano chegue a 1.500. O custo para encomendar o bebê fica em torno de 30.000 dólares, incluídos os procedimentos médicos, passagem e hotel para duas viagens à Índia (a primeira para fertilização e a segunda para buscar o bebê), e o pagamento da mãe substituta, que recebe , em média, 8.000 dólares pelos nove meses de gestação. Quando a encomenda inclui doação de óvulos, no caso de contratantes homossexuais, mãe doadora e a mãe gestacional são sempre mulheres diferentes, para evitar que se apeguem ao bebê (sic). No Brasil esse procedimento só é autorizado quando a mãe substituta é parente até segundo grau da mãe que planeja a gravidez, exatamente para evitar a mercantilização. É a patrimonialização do corpo humano, aproveitando a carência econômica de um país que se tem destacado pela prestação de serviços internacionais a baixo custo, mesmo que isso signifique atropelar princípios bioéticos.
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