Apesar da grande procura por crianças que ficaram órfãs após o terremoto da semana passada no Haiti– até mesmo no Brasil a embaixada do país teria recebido mais de 300 contatos de pessoas interessadas em uma delas – o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou ontem que a adoção por famílias do exterior deve ser “o último recurso”.Em Porto Príncipe, o Unicef está tentando identificar e registrar crianças que vagam desacompanhadas pelas ruas caóticas, após a morte ou desaparecimento dos pais.Os Estados Unidos delinearam procedimentos especiais para parte dos órfãos haitianos, como a permissão para entrada temporária de crianças órfãs do Haiti para que recebam tratamento, anunciada pela secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, na segunda-feira. Órfãos que tenham ligação com os Estados Unidos – como familiares que já morem no país – estão dentre os que podem receber permissão especial para continuar em território norte-americano. A igreja católica de Miami também elabora uma proposta pela qual seria permitida a entrada permanente de milhares de órfãos em território norte-americano. Medida semelhante lançada em 1960, conhecida como Operação Pedro Pan, levou cerca de 14 mil crianças desacompanhadas de Cuba para os EUA. O Canadá também anunciou que aceleraria o processo de inscritos para imigração provenientes do Haiti que têm parentes canadenses. Haitianos temporariamente no Canadá terão permissão para estender a estada e casos de adoção pendentes terão prioridade. Grupos de defesa internacionais tentam ajudar, ou apressando processo de adoção já em andamento, ou enviando pessoal que pode potencialmente evacuar milhares de órfãos para os Estados Unidos e outros países.Na segunda-feira, o governo holandês enviou um avião cheio de funcionários de imigração para o Haiti. Eles vão tentar localizar e retirar do território haitiano 100 crianças que já estão sendo adotadas por holandeses.
Tráfico- A porta-voz do Unicef, Véronique Taveau, explicou em entrevista coletiva que a agência teme o tráfico de crianças. “A posição do Unicef sempre foi a de que, qualquer que seja a situação humanitária, a reunificação familiar deve ser favorecida”, disse. Se os pais morreram ou estão desaparecidos, devem ser feitos esforços para reunir a criança ao restante de sua família, incluindo avós, afirmou ela. Uma criança deve “permanecer, na medida do possível, no seu país de nascimento”. “O último recurso é a adoção interpaíses”, afirmou Tavea
Orfanatos-Antes do terremoto, 48 por cento da população do Haiti tinha menos de 18 anos, de acordo com a agência. E o país já tinha uma grande quantidade de órfãos: 380 mil crianças vivendo em orfanatos ou outro tipo de abrigo.
(fonte//www.gazetadopovo.com.br- publicado 20/01/2009)
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