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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O dia da inauguração do ano


O mundo estava pronto ao findar do sexto dia.
Água e terra, lado a lado na mais perfeita harmonia.
Então uma pedra falou com sua voz um tanto aguda:
“eu gostaria de andar”!
e Deus fez a tartaruga.
E depois um montanha com sua voz trovejante pediu para ser bicho,
E Deus criou o elefante.
E a lua que se refletia em águas claras, pacatas,
Disse que queria nadar
E fez peixe de prata.
E quando a folhinha verde expressou os sonhos de saltitar
Entre os galhos, se tornou o louva-a deus.
E as nuvens que cobriam de branco o céu inteiro
Resolveram se transformar num rebanho de cordeiros.
E o sol, com pinta de rei, quis também sua mutação:
por ter uma juba dourada
Deus fez do sol um leão.
E no seu galho uma flor
Com vozinah de opereta pediu que queria voar.
E Deus fez a borboleta.
E a estrela brilhante vendo a onda se elevar
Pediu para descer às águas
E hoje é a “estrela do mar”
E um anjo que estava perto
(até nem me lembro o nome)
gritou que queria ser Deus.
De castigo virou homem.
(Luiz Coronel- publicado no Correio do Povo em 03 de out/2009)

Um comentário:

  1. No trecho "E quando a folhinha verde expressou os sonhos de saltitar
    Entre os galhos, se tornou o louva-a deus." eu conhecia assim: E quando a folhinha verde expressou os sonhos seus, se tornou o louva-a deus.
    Ao menos rima.

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