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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Senha: amor e ódio


As duas palavras: amor e ódio, constituem a senha escolhida por Elisa para acessar seu computador. Duas palavras que, somadas as demais revelações publicadas na imprensa, demonstram a personalidade da personagem principal na macabra história que envolve o goleiro Bruno, do Flamengo. Elisa era apenas mais umas das meninas que se iludem com a fama e o dinheiro dos jogadores de futebol e largam tudo para fazerem parte desse mundo, acabando por receber o título de “Maria - chuteira”. Elas usam seu corpo e capacidade de sedução para alcançar tal intuito. Para tanto, precisam sobreviver e, identificando-se como “modelo”, aceitam convites como “acompanhantes”, participam de filmes pornográficos e fazem fotos sensuais. Normalmente são personagens com origens afins: infância pobre, fruto de abandono e descaso. Bruno, abandonado pelos pais ainda bebê, foi criado pela avó numa comunidade pobre. Elisa, filha de pais separados, foi abandonada desde os três anos pela mãe que, em depoimento na imprensa, alega que sofria ameaças e agressões do marido. Este, por outro lado, segundo informações divulgadas, responde pelo crime de estupro contra criança de 10 anos. Para completar, advém uma gravidez dessa relação e, conseqüentemente, uma disputa judicial na busca do reconhecimento paterno, com pedido de alimentos.
Elisa, surprendentemente, contratou uma advogada gaúcha, Anne Faraco, para representá-la junto à Vara de Família, na comarca do Rio de Janeiro. A ação, que iniciou com pedido de Alimentos Gravídicos, foi ajuizada em agosto de 2009 e teve o pedido negado. Em outubro de 2009, a modelo prestou depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher sobre as ameaças que vinha sofrendo, relatando um seqüestro e uma tentativa de aborto. Também fez uma denúncia ao jornal Extra, que passou a acompanhar seu caso. Nesse momento se percebe a total ineficiência do Estado. O que mais a vítima poderia fazer? Ela esgotou todos os meios legais na busca da proteção de sua vida e de seu próprio filho. Restaria apenas a busca de proteção com seguranças particulares, o que ela não teria a menor condição de fazer. Além do mais, ainda tinha esperanças de um acordo ( que sabe até uma reconciliação) com o atleta. Como resultado de sua denúncia, foi recolhido material para perícia que, somente agora, nove meses depois, certamente em virtude do desfecho do caso, foi revelado. Sobre a Ação Investigatória, o que obteve até o momento, foi uma determinação judicial para coleta de sangue para o DNA, em março de 2010. Tal procedimento até o momento nem foi marcado pelo departamento judiciário, que o faria de forma gratuita, inobstante a notória fortuna do réu. O que resta agora? Uma vida ceifada, um corpo retalhado, da forma mais cruel possível, vários jovens aprisionados, a frustração de milhares de fãs, entre elas muitas crianças, um clube de futebol afetado moralmente, com uma repercussão mundial, e o Brasil inteiro atordoado com mais um crime cinematográfico a ser lembrado na história do Direito Penal .

Um comentário:

  1. A maior vítima não foi citada- a criança que agora é alvo de disputas judiciais.

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