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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Orgulho de ser gaúcho

Uma querida amiga me enviou um texto do Arnaldo Jabor sobre o valor que o gaúcho dá ao seu Estado. Achei excelente, mas, então, lembrei dos comentários irônicos sobre a tradição do chimarão feitos pelo apresentador Jô Soares, ao entrevistar o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O programa foi ao ar no dia 27 de julho passado, com o tema "gripe suína". O apresentador leu um e-mail mandado por um paranaense, onde ele convocava a todos os brasileiros para fazerem uma grande fogueira de cuias de chimarrão, culpando os gaúchos pela entrada da gripe suína no Brasil (o que foi contestado pelo ministro). O humorista-apresentador pôs-se, então, a criticar o hábito gaúcho de tomar chimarrão, falando de forma irônica sobre essa tradição. Procurei na Internet se havia alguma manifestação dos tradicionalistas sobre esse comentário e, surprendentemente, nada encontrei. Cheguei a duvidar daquilo que eu mesma tinha ouvido e revi a entrevista no site oficial do programa. Convido a todos a procurarem. A entrevista do ministro é esclarecedora (apesar das inconvenientes interrupções do entrevistador), mas a observação em tom de zombaria sobre os gaúchos é absolutamente ofensiva. Acho que o texto do Jabor veio para redimir essa visão dos irmãos brasileiros de outros estados.
"Orgulho de ser GAÚCHO"
Pois é. O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos.
Olham o escândalo na televisão e exclamam 'que horror'.
Sabem do roubo do político e falam 'que vergonha'.
Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam 'que absurdo'.
Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão
e dizem 'que baixaria'.
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo'. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição 'neste país'.
Do ressentimento passivo à participação ativa'.
Pois recentemente estive em Porto Alegre, onde pude apreciar
atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.
Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.
No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
Abriram com o Hino Nacional..
Todos em pé, cantando.
Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul.
Fiquei curioso. Como seria o hino?
Começa a tocar e, para minha surpresa, todo mundo cantando a letra!
'Como a aurora precursora /
do farol da divindade, /
foi o vinte de setembro /
o precursor da liberdade '
Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão.
Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em
volta. Durante o evento, a cuia passa de mão em mão,
até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo.
Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se
conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu,
paulista, não estou acostumado.
Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é
'comunidade'. Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo.
Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é...
Foi então que me deu um estalo.
Sabe como é que os 'ressentimentos passivos' se transformarão em
participação ativa?
De onde virá o grito de 'basta' contra os escândalos, a
corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil?De São Paulo é que não será.
Esse grito exige consciência coletiva, algo que há muito não
existe em São Paulo.
Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais
interesse por sair às ruas contra a corrupção.
São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade,
sem cultura própria, sem 'liga'.
Cada um por si e o todo que se dane.
E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de
habitantes.
Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades
que ainda têm essa 'liga'.. A mesma que eu vi em Porto Alegre.
Algo me diz que mais uma vez o povo do Sul é que levantá a
bandeira. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se
encontra mais em São Paulo..
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
De minha parte, eu acrescentaria, ainda:
'...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'
Hino do RS
Arnaldo Jabor

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