Feliz és tu que não precisas fechar os olhos para encontrar seu pai.
Ele abre o jornal quando abres a porta.
Teu pequeno Atlas tem o mundo em suas mãos.
Deixa de lado a lufada dos fatos e vem ao teu encontro.
Abraço de mãe é travesseiro. E árvore, o pai.
A gente sempre fica com algumas palavras trancadas na garganta.
O pai não quer arroubos nem proclamas.
A roupa do pai tem tantos bolsos.
É neles que guarda pequenas humilhações e desdidas.
Mas em seu olhar brilha um grande sonho,
um mundo melhor para seu filho.
Ás vezes dá vontade de dizer ao pai que nós também pisamos o barro,
sujamos a alma e o sapato.
Mãe é teto. Pai é viga.
Há resíduos de nossa infância em todos os cantos.
Até no cheirinho da água de barba que vem com seu abraço.
Deixas sob o travesseiro uma caixa de CDs.
A noite avança, toca o telefone.
O pai agradece.
Ao fundo, ainda ouves o som enternecido de um bolero.
No escuro avalias o filho que és.
Carece ser mais companheiro, jantar, ir ao cinema.
Dormes e sonhas com o teu pai.
Chove na manhã de inverno.
E como é bom vir da escola em seu colo, os pingos d’água
Cantando sobre o guarda-chuva.
(Luiz Coronel- Correio do Povo-08 de agosto de 2009)
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