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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A morte da infância?

A revista Superinteressante do mês de agosto/09 trouxe uma matéria que provoca reflexão. Ela afirma que a infância é uma idéia , uma abstração, uma fase inventada pela cultura humana e que, portanto, pode ser desinventada. O texto usa como referencial teórico as idéias de Neil Postman, professor de comunicação da Universidade de Nova York (falecido em 2003), em sua obra O desaparecimento da infância (Ed. Graphia-RJ/1999). Postman ministrava que a invenção da imprensa provocou a invenção da infância, pois o mundo letrado criou culturas separadas: o mundo dos adultos e o mundo das crianças. Na atualidade, a imprensa com livre acesso, especialmente a partir da década de sessenta, com o surgimento da televisão, e mais recentemente, com a tecnologia da Internet, há uma absoluta liberdade de acesso às informações e essa divisão desaparece. A matéria refere que, porém, esse não é o único dado responsável pelo fim da infância. A valorização da fase da adolescência e a pressão para se ter sucesso no campo profissional, já se inicia na mais tenra idade, o que alterou profundamente a rotina das crianças. Vamos além, o poder da propaganda (e aí voltamos ao poder da mídia), a atração pela diversões tecnológicas, o fascínio dos shopping centers, e o culto à imagem, provocaram um amadurecimento precoce nas crianças (se é que se pode chamar de amadurecimento). O jornalista Juremir Machado da Silva, na sua crônica Geração Xuxa, publicada no jornal Correio do Povo de 09 de junho de 2009, diz que ninguém fez mais pela “imbecilização dos nossos baixinhos do que ela”, apontando entre outras questões a erotização precoce das crianças, incentivada há décadas pela artista. Mais do que isso, a "geração Xuxa" sofreu o impacto do consumismo exagerado. A necessidade pela aquisição de brinquedos, cosméticos, roupas, calçados, enfim, a vaidade foi extremamente estimulada, e uma vaidade adulta, que hoje atinge até mesmo a área da cirurgia plástica estética. Um bom exemplo é a menina santamariense Natália Stangherlin que, com seis anos de idade, já é detentora de dois títulos mundiais da beleza. Não sei se essa criança já não participa de um mundo infantil, mas pelo menos a sua rotina descrita nas entrevistas, suas aspirações e desejos e, especialmente, sua aparência física, lembram muito um mini-adulto, a exemplo de como eram consideradas as crianças na Antiguidade.

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